quinta-feira, 8 de julho de 2010

Novela MSNexicana - Capítulo Final

A paixão avassaladora de Maria por Juan culminaria no início de um namoro que prometia durar anos. Porém, ao completar um mês, o romance tomaria outros rumos. O repentino sumiço de Maria revelaria o mistério desta história...

Mais um dia de trabalho na vida de Juan. Café da manhã, banho tomado e computador à sua frente. Entra no MSN e, de imediato, surge em sua tela um chamado especial:

Maria diz:
Tudo bem?

Juan mente:
Tudo tranquilo. E você?

Maria revela:
Mais ou menos. Tenho uma coisa para falar. Estou grávida!

Juan, inocente e feliz, diz:
Temos que conversar! Estou do seu lado, sempre.

Maria se exalta:
Mas não é seu! Estou grávida de dois meses. Por isso que sumi assim.

Juan categórico:
Mas o que você quer fazer? Para mim, isso não muda nada.

Maria se abre:
Não sei, não queria ter esse filho agora. Estou com muito medo...

Juan fala:
Fica tranquila! Mas você vai voltar para ele?

Maria, sincera, diz:
Ele quer, mas não sei. Quero voltar se eu quiser, não porque estou grávida, entende?

A conexão cai e nada mais é conversado... Mas Juan entendeu.

Meses se passam. Maria tem uma bela filha e casa-se com seu antigo marido. Enquanto isso, Juan experimenta romances fracassados e desilusões com a vida.

Fora a sensação de que seu nome e suas lembranças se tornariam a grande dúvida de todas as certezas que Maria passou a ter...

Ao som de: "Bring the Boys Back Home", Pink Floyd + "Leaves from the Vine, General Iroh (Avatar, The Last Airbender)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A vida .com ela é... Ou uma tragédia à la Nelson Rodrigues

Observação: este conto foi o vencedor do III Concurso Literário | Dia do Escritor - Scritta Online


“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura.
Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino.
E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista.
Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.”
(Nelson Rodrigues)


Sou Francisco, arquiteto e sociólogo. Filho de José com Maria. Divorciado de Teresa, pai outrora orgulhoso de Iracema. Quarenta e sete anos de vida real. Hoje, completo treze de experiências virtuais. Até ontem, existiam mil motivos para celebrar esta data, mas...

Apesar de utilizar e usufruir de todos os benefícios das novas tecnologias de comunicação, de telefones celulares à internet, salve o e-mail, o Skype e o MSN, ainda assim mantive a minha paixão juvenil pela escrita e leitura dos meios impressos e dos grandes clássicos da literatura brasileira.

Para se ter uma ideia desta idolatria, vocês devem ter percebido, logo de início, que o nome de minha filha, Iracema, é uma singela homenagem ao belo romance homônimo de José de Alencar (Não conhece? Uma pena, quem sabe o Wikipedia possa iluminar seus pensamentos... Por favor, entenda-me: quero ser breve e compartilhar de uma vez por todas esse meu sofrimento digital!).

No exato momento que digito esse desabafo via Google Docs, as lágrimas inundam meu teclado cada vez que releio uma das passagens do livro, que repousa religiosamente ao lado do meu notebook, lembrando a tragédia ocorrida com Iracema (e que certamente poucos terão o prazer e a paciência de descobrir nos próximos parágrafos):

“...Além, muito além daquela serra,
que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema...
a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros
que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira...
O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia
que vestia a terra com as primeiras águas...”

Parece que foi ontem que a vi entrando toda de branco na Igreja, durante sua primeira comunhão. Ou ainda, das travessuras com suas amigas, brincando inocentemente na cama de seu quarto - preparado especialmente para ela, diga-se de passagem!

Porém, o tempo (talvez, hoje, a internet seja) é senhor da razão e Iracema cresceu rapidamente. Como sempre, fiz o possível e o impossível para atender a mais um de seus desejos: ser a primeira menina do colégio a ter um poderoso computador portátil. Sabia que chegara a hora de Iracema conhecer o mundo - do MSN, dos blogs, do Twitter, do Orkut -, sem estar debaixo de minhas asas protetoras.

No entanto, essa caminhada virtual implicava na idolatria de figuras midiáticas pra lá de duvidosas, como a tal da Bruna Surfistinha, que a deixara com um ar de Capitu, clássica personagem de um dos clássicos de Machado de Assis, comumente reconhecida pelos seus “os olhos de ressaca, como os de uma cigana oblíqua e dissimulada”.

Nesse ínterim de mudanças em tempo real, Iracema se apaixonou por um sujeito popular e de alcunha Evilásio69, mancebo bom de papo eletrônico e que prometera honrá-la virtual e presencialmente. Mas, como pressentimento de pai “tarda, mas não falha”, uma tragédia era questão de bits e bytes para se consumar...

Na última semana, alertado por alguns conhecidos “pornonautas”, investigadores desse submundo virtual masturbatório, descubro - através do senhor de todas as buscas, Google - que meu pequeno querubim (que, segundo o definitivo e palpável Aurélio, significa “criança muito linda”) foi pervertido... E o pior: tudo registrado via webcam!

Agora, Iracema é mais idolatrada do que “Eu sou Stephany (no meu Cross Fox)”, é trending topic semanal dos tuiteiros mundiais, além - é claro - de ser a estrela preferida e milimetricamente exibida, nos máximos pixels e posições possíveis, pelos sites eróticos que se multiplicam como gripe suína pela grande rede.

Afinal, onde errei? Minha dedicação para que fosse uma boa moça foi total. Paguei balé. Curso de inglês. Faculdade. Dei-lhe as roupas da moda... Eu até briguei com os meus melhores amigos para não admitir que Brás Cubas, protagonista de outro clássico de Machado de Assis, descobrira o sentido da vida.

Porém, depois da perversão digital, virtual e interativa de Iracema, repetirei eternamente - via Twitter - a célebre frase “brás-cubiana”, perfeita para os 140 caracteres permitidos, como se fosse meu mantra da eterna libertação (on-line):

"Não tive filhos, não transmiti a
nenhuma criatura o legado
da nossa miséria".

sábado, 18 de abril de 2009

Blogagem Coletiva: Quem foi seu Monteiro Lobato?


Maluco menino em busca do passaporte para libertação


Entre pipas e bolinhas de gude, bambolês e futebol, brincadeiras de roda e adoletas, Francisco curtia seu mundo cercado pelos sorrisos e os frenéticos e genuínos movimentos característicos do universo infantil. Mas sua essência resguardava um gosto pelo imaginário e o pequeno Chico buscava ansiosamente as ferramentas que pudessem transportá-lo de vez para grandiosas e misteriosas aventuras.

Em mais um dia ensolarado do Colégio Pequeno Príncipe, Francisco inundava-se de muita alegria durante o período mais aguardado de seu cotidiano escolar: a famosa recreação! Curioso como sempre, a diversão daquele momento consistia em seguir os caminhos traçados pelos raios solares.

Do pátio até a porta de entrada, do banheiro até a sala de aula, da direção até... Nesse momento, nossa leitura precisa de uma pequena pausa para que você, leitor destas humildes combinações de letras, possa entender uma nova sensação que começou a iluminar os olhos de nosso perspicaz aventureiro-mirim...

Como se o Deus-Sol pudesse compreender os anseios do pequeno Chico, irradiou com tamanha força toda a sua energia para criar uma áurea justamente sobre a biblioteca que, naquele momento, transfigurada em templo sagrado, e recheada de tesouros em formas de papel, iria guiar os passos do nosso pequeno grande protagonista e determinar os caminhos para uma série de aventuras que ele passaria a viver e a consumir daqui para frente.

Do Boitatá ao Saci-Pererê, da Mula-sem-cabeça ao Curupira, ele descobriu uma série de grandes amigos para acompanhá-lo nas mais diversas viagens e desbravamentos de novos mundos. Hoje, homem feito e letrado, com muitas responsabilidades e algumas preocupações, de todas as histórias e os personagens que transformaram o rumo de sua vida, aquelas baseadas pelas caretas, ensinamentos e mil peripécias, mais conhecidas também como “Menino Maluquinho”, mantém acesso em seu peito e vivo em sua memória a importância do livro como passaporte para o trem de nossa libertação mental.

Portanto, celebremos o Dia Nacional do Livro Infantil!



Ao som de: Trilha sonora do filme "Na natureza selvagem", Eddie Vedder

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Três pontos

A (minha) história renasce,

O (meu) amor cresce,

Com pontos de exclamação.

Longe das interrogações.

Sem um ponto final.

Sempre...

Três pontos.

Ao som de: "Perdimos", Satélite Kingston

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um equilíbrio

Entre a coragem e o medo,
faleceu a efemeridade
de um espírito.

Desejou o inalcançável.
Sonhou com novos caminhos.
Cantou melodias.
Sem um mínimo de harmonia.

Dobrou a esquina.
Para encontrar essa nova ilusão.
Vivendo pouco. Dia após dia.
O equilíbrio. Do riso. E da dor.

Ao som de: “Coragem pra suportar”, Gilberto Gil

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Se...cura

Afogado pelo mar de sonhos,
vive a secura de um tempo
ausente de lembranças.

Emoções congeladas.
Compasso da tristeza.
Olhos cerrados.

Nem uma palavra.
Nenhuma lágrima.
Pelo menos, um verso.

Que seja um estímulo a este
último fio de esperança
que nos consome.

É preciso ser música
para adoçar o amargo
desta breve vida...

Para tornar-se, afinal,
mais um dentre todos.
O retirante do amor.

Ao som de: “Janta”, Marcelo Camelo

sábado, 9 de agosto de 2008

Pra ser

Pouco prazer.
No mínimo dos prazeres.
Pra ser urbano.
Pra seres humanos.

Aprisãon’alma.
Amor-daça a espera-nça.
Esconde sonhos e desilusões,
mentiras e verdades.

Enxerga escuridões,
quando delineia traços.
Ouve silêncios,
no compasso dos abraços.

Por onde percorrem
palavras e imagens,
sons são significados.

Matéria capital,
corrompida por
este (só)riso anárquico.

Corpo mecânico
desta contraditória
alma socialista.

És, por extenso,
composto de hum mil.
E nove centos e noventa e nove.
Manos.

Sagaz máquina de escrever.
De pazes e pares com a.
Pois é. Ia.

Revolta e meia desse incerto desencontro.
Desvira e remexe, esbarra sem - ter - limites.
Em busca de um (re)começo, que sucumbiu ao...

Ponto de exclamação?
Ponto de interrogação!
Ponto final...

Ah! São essas eternas reticências.
Permeadas de prazer.

Ao som: “Armadura”, Otto + “Na Zona Sul”, Sabotage

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Real.idade.

Foi incapaz de apresentar a este mundo
o que seu mundo quis dizer.

Esta real idade que escorrega
por entre os dedos.

O cisco que (des)equilibra
a visão.

Uma ou duas palavras
que entorpecem
o espírito.

A cicatriz no peito com
e 100 (fres)curas.

Abusou das reticências quando
o tempo boçal só reconhece
os pontos finais...

Cantou à capela esta melodia
que pede o acompanhamento de
uma. Banda, de.

Heavy bossa nova.
Easy metal.
New samba.
Old pagode.

Sem. ti. menti. os.
Sentimentos.

Ir.real.idade.
d(iário)o(ficial).
Pô.É.Tá.

Ao som de: “Porque é proibido pisar na grama”, Jorge Ben + “Chiclete com banana”, Gilberto Gil + “Jumento”, Os Saltimbancos

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Luz, câmera e... (pre)visão!

O despejar das primeiras gotas de chuva
são o prenúncio de um novo sentimento
deste tempo que insiste em mudar.

Onde reinava a infinidade do azul do céu,
hoje restou uma cobertura acinzentada de tristeza.

Onde se enxergava a claridade da esperança,
sobrou o silêncio desta escuridão.

Estou sempre a um passo da (in)certeza.
Em busca da não-poesia.
Que reflita esta essência.
Mutante.
Errante.
Repetitiva.

De uma curta história.
Escrita em rascunho.
Sem final feliz.
Ou créditos.
Heróis, mocinhas e bandidos.

Um amor em movimento!
Sob roteiro de uma vida recheada de ilusão.
Luz, câmera e...

Ao som de: “Angústia”, Secos e Molhados + “Com medo, com Pedro”, Gilberto Gil + “Pequenos olhos”, Cibelle

domingo, 6 de julho de 2008

Quinze minutos

Minhas palavras são mutantes.
Encontram-se em plena ebulição.
São incômodas. Inquietas.

Revelam segredos.
Perpetuam-se nos olhares.
Destilam a força de um coração.

É a poesia em transição.
Reforçando sua profissão de fé.
O significado de uma segunda chance nesta vida.

Longe dos círculos. Das rodas.
Teatrais. Convencionais.
Poéticas. Funcionais.
Literárias. Canalhas.

Não celebra o supérfluo.
Não se propaga no vácuo.
Não compactua com o vazio.
Não se aproveita da pobreza
deste analfabetismo letrado.
Fugindo das sem-ler-bridades.

Meu intuito, simples.
Antropofágico. Digerido.
Oceano. Profundo.
Horizonte. Irracional.
E sem rasteiras.

Eu quero, apenas.
Ser. Ler. Brindar.

A transfiguração de mais uma alma.

Ao som de: “Complexo de épico”, Tom Zé

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Projeções, devaneios e sonhos

Subverti a lógica dos ponteiros deste relógio
que insiste em adiantar-se ao meu tempo.

Enganei a contagem dos dias,
o passar dos meses,
a virada dos anos.
Eu sou meu calendário.
Eu faço o meu presente.

Troquei os dias pelas noites.
Desenhei uma lua no lugar do sol.
Pintei estrelas neste céu azul,
que projetam esses trejeitos
e imagens no meu coração.

E ele não pára de pulsar.
Numa batida cadenciada
pelas palavras sussurradas
ao cair de mais uma tarde.

E nem esse frio na barriga
me incomoda (de)mais.
Pois meus sentimentos não desistem.
Resistem. Insistem. Neste seu olhar.

É a certeza do quanto eu quero você.
Aqui do meu lado.
Compartilhando todas essas sensações.

Ao som de: “Breathe” + “To Build a Home”, The Cinematic Orchestra

terça-feira, 1 de julho de 2008

Feira do coração

Meus amores. Quixotescos.
Seus amores. Improváveis.

Eu queria mesmo é que
o nosso amor removesse.
As distâncias.
As inseguranças.
Os medos.

Decidi rasgar essas mantas
que me (en)cobrem.
A racionalidade não manda
mais em mim!

O meu coração voltou
a bater no toque do
seu sorriso.

Iluminado por aquele pôr-do-sol
que você me presenteou ontem.

Pelos sonhos que nos
uniram mais uma vez.

Hoje, sou só sentimentos...
E eles deságuam todos em você.

Ao som de: “Luzia Luluza”, Gilberto Gil + “Eu quero mesmo”, Raul Seixas

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Cheiro de liberdade

Um céu,
um sertão
e várias estrelas.

Os olhos só enxergam
o pôr-do-sol.

Um recomeço.
Para quem nunca desistiu.

Onde falta uma certeza,
renasce a esperança.

Onde cresce o amor,
se perpetua uma eternidade.

Se hoje exalo
esse cheiro de liberdade,
foi porque ontem me embriaguei
com o brilho do seu sorriso.

Ao som de: "Luar do sertão", Catulo da Paixão Cearense

domingo, 1 de junho de 2008

Cena de cinema

Nem mesmo esse tempo recheado
por um vazio no coração
é capaz de esconder
a delicadeza dos seus traços
e o brilho dos seus olhos.

Saiba que, neste instante em branco e preto,
você é capaz de emanar cores.
Arrepiar-se com uma linda canção no rádio.
E transformar esta nuvem de tristeza e solidão,
numa verdadeira cena de cinema.

Sem representações,
um verdadeiro diário de sua vida,
onde você compartilha suas alegrias
e revela seus pequenos prazeres.

Quem sabe, um dia, eu roubo
um pequeno pedaço desta cena,
tirando você para dançar.

E como a distância me impede
de presenteá-la com uma rosa,
um “xêro” e um abraço apertado,
ofereço esta singela poesia.

Ao som de: “Tudo por acaso” + “Paciência”, Lenine

sábado, 31 de maio de 2008

Sementes da esperança

Tive um sonho estrelado.
E, hoje, acordei diferente.
Quero buscar a paz através da paz.
Plantar tal idéia nessa criança
que um dia existiu dentro de nós.
Pois é onde tudo começa e renasce.

Em vez de armas, portaríamos inteligência.
Em vez de tiros, dispararíamos gentileza.
Em vez de roubos, distribuiríamos generosidade.
Em vez de mortes, assistiríamos ao renascimento...

Da esperança,
na fé.

Das igualdades,
pelas diferenças.

Do som,
através dos silêncios.

Do amor,
por um mundo novo.

Do efêmero,
pela eternidade.

Ao som de: “Drão”, Gilberto Gil + "Beraderô", Chico César

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Tempestade

Ausente. Recluso.
Fé. Ilusão.
Multidão. Solidão.
Esperança. Descrença.

Material. Espiritual.
Deus. Diabo.
Pai. Filho.
Espírito. Santo.

Homem. Mulher.
Beijo. Boca.
Solteiro. Desquitado.
Amigo. Separado.

Pão. Alimento.
Povo. Escravidão.
Dor. Perdão.
Governo. Televisão.

Alegria. Presente.
Choro. Passado.
Sorriso. Futuro.

Gentileza. Dia.
Amor. Noite.
Pensamento. Tarde.

Artigo. Sujeito.
Preposição. Predicado.

Palavras são apenas tempestades.
Verbais. Faladas.
A um sabor impronunciável.
Escritas. Redigidas.
Com letras amargas.

O que me importa
na leitura desta vida,
é o significado prático
de seus entrelaçamentos.

Eis, assim, o renascimento da poesia.

Ao som de: “Namorinho de portão”, Tom Zé + "Non, je ne regrette rien", Edith Piaf

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Testamento

Descobri que na ausência
existe uma essência.
De uma presença que
insiste em faltar.

Sou solitude,
desta porteira
de sentimentos
que tento controlar.
E não revelar.

Sou amor
nos dias sem fim.

O riso transparente,
desta alegria permeada
também pela tristeza.

A generosidade que não
desiste de compartilhar.

O aprendiz que não se
cansa em experimentar.

Ao som de: “Não me arrependo”, Caetano Veloso + “Dois barcos”, Los Hermanos

terça-feira, 22 de abril de 2008

Confessionário

O sentido da transformação
já me consumiu por completo.

O que fui ontem,
não representa o que sou hoje
e nem o que serei amanhã.

Descubro-me feito por traços e abraços.
A imperfeição perfeita no composto das linhas tortuosas.
Não há retrato que consiga traduzir o que sinto.
Talvez o movimento. Nesse leve e traz. De momentos.

Enfrento o tempo das privações,
com a mesma coragem presente na bonança
dos períodos de farturas amorosas.

Torno-me o significado das lições.
O aprendizado da renovação espiritual.
Que surge no olhar.
E insiste em enxergar esperança em dias de guerra.
De um mundo em descompasso.

Ao som de: “Velhos, Flores, Criancinhas e Cachorros”, Jorge Ben + “Prece Cósmica”, Secos e Molhados + “Paz Interior”, Tim Maia

domingo, 13 de abril de 2008

Por um instante

Tenho muito a contar. E pouco a negar.
Sou protagonista de uma história.
Não sinto arrependimento pelos caminhos trilhados.

Afinal, os sentimentos se rebelaram.
E anunciam a reforma agrária do coração.

Não represento a firma.
Carrego apenas meus ideais.

Guardo no peito meus míseros momentos.
O acúmulo é proporcional ao tamanho de um amor.

Meu investimento é compartilhar.
Ações. Gestos. Movimentos.

Sou a negação da verdade.
A contradição do medo.
O sorriso que esconde a tristeza.
A lágrima que lava a alma.

O carinho nem sempre correspondido.
O olhar que revela o instante.
O ouvido que alcança a harmonia.
O desejo espiritual.

A cegueira das paixões.
A escuridão no brilho.
A revelação inoportuna.
O incômodo das lembranças.
E a decepção dos amores.

O excesso necessário.
O resguardo infantil.
A explicação com sentido.
A bondade sem culpa.
O parâmetro inconveniente.

A intenção com intuito de materializar-se.
A ansiedade focada na realização.
A intensidade do samba-enredo.
A abnegação como sinônimo de evolução.
O melhor dos inimigos.
E o pior dos amigos.

Sou a humildade castigada pelo tempo.
A ingenuidade que não se importa em ser lubridiada.
A palavra que insiste em escrever.
A não-poesia.

A voz que não quer se calar.
O infinito que quer se perpetuar.

Simples. Por um instante. Apenas.

Ao som de: “You Know I'm No Good”, Amy Winehouse

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Horóscopo

Minha redenção está na praia,
pois o mar é o meu céu.

Levito entre as ondas,
curtindo uma imensa
sensação de liberdade.

O Deus Sol reflete a paz
escondida dos cariocas.
A areia é a mãe acolhedora
desse meu encontro com a natureza.

A tarde cai e os ventos revelam
as minhas origens.
Quero vestir novamente
o meu corpo,
para anunciar os ideais
de um novo tempo.

Ao som de: “Ana e o mar”, O Teatro Mágico + "Babylon by gus", Black Alien

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Um (com)passo

Sempre escolhi os caminhos mais tortuosos.
Talvez instigado por essa minha adrenalina sentimental,
que enxerga um misto de alegria e dor nos mínimos detalhes.

Flerto com as palavras.
Renego as rimas metrificadas.
Quero ser maestro de uma orquestra imaginária.

Revoluciono o compasso do meu coração.
Luto contra a esperança.
Esbarro com a felicidade na embriaguez do efêmero.
Estou a um passo da verdade.

Quero apenas curtir os segundos restantes
de um sorriso que ressurge no meu caminho.
Não temer os piores pesadelos, para
sonhar livre e viver um novo momento.

Ao som de: “O anjo mais velho”, O Teatro Mágico + "O Cristo e Oxalá", O Rappa

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Bem entendido

Vou de reza forte e sal grosso
espantando os maus olhados.

Quero me cercar de energias positivas
para prosseguir no rumo da vida.

As agressões são sempre gratuitas.
Mesmo assim, insisto em oferecer
a minha outra face, em uma bandeja
com ornamentos em ouro.

Nunca fui de cozinhar raiva
ou ferver ódio nas panelas
do orgulho.

Prefiro subverter a lógica. O usual.
A dialética se torna meus punhos.
Para externar a minha verdadeira força.

Combato toda incompreensão,
através de minha fé.
Com pitadas de gentileza.
Pelo singelo ato de generosidade.

Pois faço do amor o tempero
ideal para sobreviver neste
moderno, cínico e urbano presente.

Ao som de: “De onde vem a calma”, Los Hermanos + “Acabou chorare”, Novos Baianos

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Triste alegria - II

Eu sei.
É complicado encontrar alegria
neste discurso recheado de tristeza.

Porém, mais difícil é ter coragem
para expor suas fraquezas.
Fazer disso a sua fortaleza.

Acreditar no amor.
Fugir do juízo inconsciente.
Aprender a perdoar. Fisica e espiritualmente.
Compartilhar, sem pedir nada em troca.
Inundar-se de fé.

Manter-se firme aos ideais,
mesmo que isso represente
poucas amizades. Poucos amores.
Muitas dores. E uma coleção de desamores.

Despir-se do material, quando
tudo e todos valorizam,
a cada dia, menos, o ser.

Entenda, esse é o caminho que eu escolhi.
Aceitei prontamente esta missão.
Sem titubear.

Quero percorrer o mundo,
dando o meu testemunho.
Em forma de poesia.
Sempre.
Neste nosso tempo.

Ao som de: “Geni e o Zepelim”, Chico Buarque + “Cálice”, Chico Buarque + "A pedra mais alta", O Teatro Mágico

segunda-feira, 31 de março de 2008

Simples. mente

Meu amor nunca esteve ao alcance das medidas.
Nem foi visível aos olhares permeados de ceticismo.

Ele transpira sem o calor de verão.
Ele aquece nos invernos mais rigorosos.

Ele se perpetua na acústica do silêncio.
Ele se transfigura pela dor
que entorpece a minha existência.

Eu quero a luz.
A energia de um novo tempo.
Ser, infinito.
Sem, ao menos, ter.

Presente.
Sem restrições.
Contra-indicações.
Ou codinomes.

Renascer pelo efêmero.
Não pelos ciclos. Círculos. Circos.

Simples. mente. Eu e você.

Ao som de: “Água Viva”, Raul Seixas + “Realejo”, O Teatro Mágico

quarta-feira, 26 de março de 2008

Do renascimento

Ganhei asas para voar em busca
de um novo tempo.

Onde eu possa repousar esses meus
sentimentos que não querem calar.

Descobrir um novo olhar que transforme
este espírito em desarmonia.

Materializar a esperança através do
mais simples e singelo gesto do amor.

Pronunciar as palavras que adormecem
neste coração petrificado.

Respirar os ares da renovação que se anuncia,
mas insiste em retardar os seus passos.

Vencer o medo da negação
e insistir nos caminhos.

Pois minha alegria renasce neste período
de tristeza, melancolia e incompreensão.

Meu peito aflora ao sentir as vibrações
sonoras de uma velha nova melodia.

O raciocínio, porém, insiste em não acompanhar os meus dedos.
Componho sem ritmo, sem rima e sem devoção.
Vou preenchendo os papéis instintivamente.
Mesmo sendo um tanto quanto racional.

Minha alma se transfigura.
Sigo em romaria com a fé em novos horizontes.
Descanso em paz.
Adormeço livre para celebrar mais um dia.
E um novo movimento.
E uma nova poesia que há de surgir.

Ao som de: “Lambada de serpente”, Djavan + “Pé da roseira”, Gilberto Gil

domingo, 23 de março de 2008

Quando a admiração se esvai...

Não me importa a previsão do tempo,
quando faltam as palavras.

É preciso dizer tudo aquilo que
você nunca quis escutar.

Minha língua quer finalmente
se anunciar. Pronunciar-se.

Seus olhos já não
me revelam nada.

Seu charme não desmonta
mais o meu corpo.

Seu canto de sereia não
enfeitiça mais a minha alma.

Meus ouvidos se cansaram
das velhas desculpas,
dos recorrentes medos.

Sou presente para construção do futuro
e história para o nosso passado.

Há espaço a ser preenchido.
Compartilhado.

E um coração a ser amado.
Diariamente...

Ao som de: “Quando você chegar”, Novos Baianos + “Cadê tem suín-?”, Los Hermanos

segunda-feira, 17 de março de 2008

Voltar a sorrir

Vou carregando um coração despedaçado.
Muitas vezes, com os olhos marejados.
Sob o efeito de um corpo embriagado.
E um espírito em busca de evolução.

Mesmo assim, não perco esta capacidade de sorrir.
Enfrento as dores da vida moderna,
as injustiças dos olhares,
e os juízos dos filósofos.

Sigo caminhando como um guerreiro São Jorge,
guiado pelos dizeres do Profeta Gentileza,
e munido pelo desprendimento material dos franciscanos.

Pois um amor não sobrevive
apenas pelo desejo dos corpos.
Ele se perpetua no
entrelaçamento das almas.

Ao som de: “Pois é”, Los Hermanos + “Retrato em branco e preto”, Elis Regina e Tom Jobim

sexta-feira, 7 de março de 2008

Música no rádio, amor no coração

Foi tão fácil dizer te amo.
Viver um sonho acordado.
Sorrir, mesmo sem graça.
Caminhar, sem encontrar,
ao menos, um chão.
Praticar o desapego
pelas tentações materiais.

Difícil é renunciar aos espelhos.
Aos reflexos internos que
vislumbram os mínimos detalhes.
Visíveis até para esta cegueira
urbana e contemporânea.

É preciso retomar os caminhos.
Ser generoso consigo.
Pois a fé iluminará o último momento,
quando a noite e o dia se tornam
um único e singelo tempo.

Ao som de: “Luzia Luluza”, Gilberto Gil

quarta-feira, 5 de março de 2008

Conselhos e sussurros

Tenta dormir um pouco.

Escuta o que o silêncio tem para dizer.
E acalma esse coração.
Pode ser que o tempo cure as tristezas.
Talvez os dias cicatrizem as feridas.

Fecha os olhos.

Lembra daquelas tardes quando nada ao seu redor importava?
Das horas admirando os mínimos traços daquele rosto.
O gosto peculiar daquela boca.
Ou os delírios causados pela quentura delicada das mãos.

Abra a mente, a percepção da alma.

Afaste-se dessa suposta melancolia.
Não se faça de vítima das desilusões.

Rasgue esse passado de boas lembranças.
Revele, de vez, essa coragem que vem da essência.
E prepare-se para o que há de vir.

Mesmo que seja
para o futuro
lhe reservar
novas alegrias,
novos sorrisos,
novas dores,
novos (des)amores,
e uma nova solidão.

Ao som de: “Ele falava nisso todo dia” + “Coragem pra suportar”, Gilberto Gil

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Tradução dos reflexos

Talvez não haja espelho no mundo
capaz de refletir esta ebulição que
se manifesta internamente.

Pois é preciso coragem
para enxergar os erros
nas aparentes qualidades.

E lembrar que o movimento necessita
de seguidos e ritmados passos,
mesmo diante das inevitáveis rasteiras.

Pois é preciso persistência
para enfrentar os medos
de peito aberto e ouvidos atentos.

E reconhecer as distâncias
que sempre nos levam aos
habituáveis e cotidianos abismos.

Quero assim transfigurar
os meus olhares.

Marcar o meu corpo com
os símbolos das minhas
crenças e proteções.

Tornar a minha essência
uma certeza dessa existência
balzaquiana em desequilíbrio.

Quando encontrar os rumos da fé,
sei que os meus sentimentos
não vão se esconder jamais.

Ao som de: “Pega a voga, cabeludo”, Gilberto Gil

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Olhares e sentimentos

(uma parceira de Mônica Ottoni e Luis Rocha)

Meu olhar não vislumbra a inércia deste presente.
Ele traduz os sonhos do passado.
E a utopia das realizações no futuro.

Enxerga verdades e desaprova mentiras.
Não se cala diante das injustiças.
Nem desmorona com dissabores.

Meu olhar oceana, vela (ainda que de longe),
cintila, se perde e se encontra...
Vai de encontro aos que sentem que o tempo não existe.
Aos que renunciam às palavras, aos contornos...
Contempla espaços e esperanças - presságios de ternura.

Ele tem a capacidade de transformar derrotas em grandes vitórias.
Busca alento na generosidade do sentimento alheio.
E revela a humildade no coração dos sinceros.

Meus sentimentos são águas a invadirem o curso de rios distantes,
fazendo-me ver a sutileza dos detalhes.

Eles deságuam num mar de miragens e desespero sensato,
numa penumbra mágica, que desenha imagens de sombras:
E meu olhar entende...

Mônica, ao som de: “Resposta ao tempo”, Nana Caymmi
Luis, ao som de: “O seu olhar”, Arnaldo Antunes + “Aos nossos filhos”, Ivan Lins

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Carne, osso e coração

Há dias em que a poesia
reside calada em mim.

Como se buscasse o
atrevimento necessário
para o movimento
desta vida.

Resguardando seus versos
para um novo tempo
que há de vir.

Derramando as últimas
gotas de lágrima
dessa tristeza
em decomposição.

Sem medo de ter
fé na esperança.

Declamando silenciosamente
os erros e as crenças
em seus valores.

Com intuito de revelar-se
ao mundo.

Cansada de apenas admirar
os novos caminhos.

E, finalmente, com coragem
de colocar os pés na estrada
para caminhar neste fluxo
rumo ao infinito.

Pois só assim serei novamente
o dono de mim.

Ao som de: “O sol nascerá”, Cartola + “O patrão nosso de cada dia”, Secos e Molhados

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sete vidas do amor

Hoje, quando se silenciam os batuques
e a alegria boêmia e efêmera do carnaval,
vejo que os deuses do amor reservaram
para mim as sete vidas de um gato.

Em cada uma delas,
deixei um generoso pedaço
de meu coração, de minha alma,
como se o destino promovesse
uma espécie de reforma agrária.

Alguns amores sobreviveram
apenas a troca de olhares,
os beijos e as carícias,
numa deliciosa e interminável
contagem de horas.

Outros duraram semanas.
Os profundos e marcantes foram
reservados ao período de um ou mais anos.

Restaram apenas histórias ricas,
guardadas seguramente em um
álbum de retratos envelhecido
e em preto e branco ou
a um museu de boas lembranças.

Já gastei seis vidas das sete de direito.
Embarco na sétima para regurgitar
os amores esvaídos, filosofando
ao som de uma arrastada balada da solidão.

Talvez nesta última e derradeira tenha-me
sobrado apenas estes versos tristes e amargos.
E uma tremenda sensação de liberdade
para escrever tudo o que sinto
neste exato momento.

O que me importa é o fluxo de sentimentos
criados, compartilhados e transformados
ao longo desses (balzaqui)anos.

Mesmo que seja para enfrentar
a visão turva, obtusa e confusa
do que seja amizade pura e verdadeira.

Ou ao jogo mal-fadado do
bem-me-quer e mal-me-quer
da paixão.

O medo de tornar o companheirismo
em conveniência.

Pelo uni-duni-tê das carências,
preservação de orgulhos,
ou cumplicidade como sinônimo de tempo perdido.

Não se engane, pois esta lira
nunca vai pertencer a um acerto
de contas do coração.
Ou ao rancor de mais um desiludido.

Ela é apenas a revelação da
singela, sincera e humilde busca
pela redenção do amor.

Ao som de: “Conselho”, Almir Guineto + “Happy End”, Tom Zé + "Love Is a Losing Game", Amy Winehouse

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Poema de quatro mãos - Manifesto pela Gentileza

(uma parceira de Mônica Ottoni e Luis Rocha)

Gentileza não se compra nos supermercados.
Não se (re)produz industrialmente.
Não se prostitui pelas esquinas.

Gentileza é incondicional, leve e pura.
É um sentimento que aflora no ventre materno.
É seiva que escorre pelos (a)braços de pai e mãe.
E vai desaguar pelo mundo, através da multiplicação de seus filhos.

Gentileza não precisa de tradutor para se comunicar.
Nem de dicionário para se entender.
Seu significado é o mesmo,
seja nas planícies de Brasília
ou nas praias cariocas.

Gentileza desafia tabus e conexões,
celebra a força da partilha,
duplica as mãos.

Gentileza entrelaça sonhos e palavras.
Faz brotar esperança.
É uma ponte
que leva e traz ao
(com)partilhar ações.
Doações.

Gentileza é esquecer uma dor
enxugando uma lágrima.
É ensinar para aprender.
É um gesto mágico que alcança,
que diminui distâncias, discrepâncias.

Mônica, ao som de: "Gentileza", Marisa Monte
Luis, ao som de: "Redescobrir", Gonzaguinha

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Naquela esquina

Foi ontem que eu dobrei aquela esquina.
E acabei encontrando uma nova rua.

Ao primeiro passo, nada seria como antes.
Os prazeres.
Os medos.
As alegrias.
As inseguranças.

De tudo, só restou mesmo
essa essência que vem da alma.

Por isso me encharco de boêmia.
E do sorriso largo e acolhedor dos amigos.

O futuro pode esperar.

Ao som de: “Rehab”, Amy Winehouse + “Menina, amanhã de manhã (O sonho voltou)”, Tom Zé

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Amargo dos dias

Meu olhar mudou.

Tenho me deparado com
novos e muitos horizontes.

Porém, minha visão
se apaixona
cada vez menos
por esta realidade.

Uma espécie de reencontro
já em tom de despedida.

Meu tempo parece ser outro,
vagando em busca de alento.

Estou invisível diante
desta existência.

Estou desconexo deste apego
pelas atuais verdades.

É utópico e pretensioso
querer ser apenas uma causa
das conseqüências deste
mundo que nos cerca.

Preciso de uma reinvenção
do presente que garanta um
sustento de sobrevivência.

Definitivamente, a poesia me curou.
Das ausências.
Das distâncias.
Dos desamores.

Apesar do gosto amargo,
deste ar sem cheiro e
da sensação de enjôo,
aprendi com o silêncio e
caminho confiante pelos
campos da solidão...

Pois esse sentimento
não pede nunca licença
para se manifestar.

Ao som de: “Alucinação” e “Fotografia 3x4”, Belchior + “Paula e Bebeto” e “Mãe”, Gal Costa

domingo, 20 de janeiro de 2008

O ambiente meio

A vontade é de tornar
a mata virgem
a minha (na)morada.

Onde eu possa sentir
novamente o cheiro
de terra molhada.

Repartir da generosidade
dos ingênuos.

Recuperar o olhar singelo
que se emociona,
mas se apaga
num simples piscar.

Alimentar-me da pureza
da natureza.

Através do refresco mergulho
em mar quente e salgado.

Através da revigoração de
um banho de cachoeira gelada.

Onde eu possa redescobrir
a passagem do tempo.
E os prazeres do amor.
E as lições da dor e da tristeza.
E o valor de minha escrita.
E a longevidade da fé.

Eu quero mesmo é expelir
esse ar carregado, viciado,
dissimulado e sem esperanças
das cidades grandes.

Ficar longe das agonias e
das inquietações que
se tornam habitualmente
sinônimo de desafio,
de adrenalina.

Distante do acúmulo
como legado de uma
breve história.

Pois perdemos nossas referências,
nossos valores originais.

Talvez, um dia, a poesia
nos iluminará em
busca da redenção.

Certo é que o movimento
nunca pode parar, seja em
qual tempo ele for.

Ao som de: “Tristeza do Jeca”, Angelino de Oliveira + “Anunciação”, Alceu Valença + “Preto Velho”, Secos e Molhados + “Pastorinhas”, Noel Rosa e Braguinha

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Uma despedida

Essa lua que sobe
imponente ao céu.

Acompanhada do pipocar das estrelas,
que surgem ao meu olhar,
uma após a outra.

E os pássaros que ensaiam
uma espécie de sinfonia de despedida,
tendo o canto das cigarras como maestro.

É o apagar das luzes,
ganhando novas cores com
a chegada do entardecer.

Mas, aqui dentro,
essa minha intensidade
também se transforma.

Como se o meu copo
nunca esvaziasse.

Como se eu me tornasse
a conseqüência das
suas causas.

Como se a minha vida
não durasse mais
que 24 horas.

Como se hoje fosse
o nosso último beijo.

Como se agora esses
fossem os meus últimos
e reveladores versos...

Ao som de: “Mestre Vitalino”, Quinteto Violado + “Se o caso é chorar”, Tom Zé + “Revelação”, Fagner

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Meu lírico-eu

Quando deito
para meditar
no quarto escuro,
ao som do silêncio,
e na ausência do material,
eu penso no que sou,
penso no eu que sou,
quem sou eu,
sou eu quem,
para que eu sou,
sou eu para que,
quando sou eu,
eu quando sou,
quanto eu sou
e sou eu quanto.

No presente
deste agora
passado,
mas inevitável futuro,
posso dizer que
sou um aprendiz
de poeta.

Talvez o último romântico.
Quem sabe um kamikaze do amor.
Ou um sonhador errante,
movido pelas generosas pitadas
de arte, de música e de literatura.

No final deste breve e inquieto
pensamento, desejo mudar
esse mundo, por menor
que seja o movimento...

Ao som de: “Beradêro”, Chico César + “Filha da Chiquita Bacana”, Caetano Veloso + “Rockixe”, Raul Seixas

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Vamos de poesias, meus amigos?

Judith, em seu mundo todo particular,
enxerga a transformação
do menino em homem.

Ana, com a sua permanente
emanação de felicidade,
incentiva a prática, mas alerta para
a tristeza recorrente das toadas.

Rocha, com seu olhar que desvenda
o mais misterioso dos espíritos,
congratula a nudez de mais um.

Flora exulta os mais alegres
e, amigavelmente, diz que queria
ter escrito alguns deles.

Brida adora o ecletismo
dos sons inspiradores
da escrita.

Evilásio revela marotamente
o uso indiscriminado
dos versos para conquistar
mais e novos corações.

Marcus aponta uma produção prolífica
e que vai levar mais de uma semana
para ler tudo, até que mais
30 serão publicados!

Júlio César promete
se tornar um leitor assíduo.

Armando se empolga e
quer que o mundo inteiro
me conheça em forma de poesia.

Zeh Gustavo me cobra
o chopp sempre prometido
e nunca bebido!

Ludmilla vê doçuras nas
minhas tristes palavras.

Sabrina pede permissão para
“legendar” suas fotos
com o meu “oceano”.

Glauco me encabula,
afirmando que
tudo que faço,
faço bem feito!

Adriana, primeiro, fica sem palavras e
se espanta diante de um (suposto)
talento até então desconhecido.

Camila filosofa sobre a prática,
enquanto desenha estrelinhas
no papel que insiste em
não ficar em branco.

Beto reafirma a amizade valiosa,
faz uma, segundo ele, “prosa besta”
e diz que quem domina
as palavras sou eu.

Aninha pergunta,
diretamente de Recife,
por que não publico um livro.

Teresa entra por acaso
e percebe a sinceridade
das palavras.

Valéria sorri manso
e vai decifrando sabiamente
as entrelinhas por aqui publicadas.

E eu?
Neste momento, admiro o céu.

Pois eu vejo que a poesia nos torna,
a cada dia, num vôo coletivo de gaivotas,
como se formássemos uma romaria
em busca da fé e do amor neste mundo
incompreendido e de solidão.

Se cada um sair daqui disposto
a abrir o livro de suas almas,
minha missão terá sido cumprida.

Assim, deito no silêncio do quarto
escuro e vou dormir em paz
pela paz de vocês.

Ao som de: “Pedaço de mim”, Chico Buarque

domingo, 13 de janeiro de 2008

Há um tempo...

Em equilíbrio.
No qual você descobre...

Que os velhos serão
sempre novos amigos.

Que os relacionamentos
perdidos e partidos
trazem valiosas lições.

Que a sinceridade
sobrevive mesmo diante
deste mundo material, seco
e de mentiras.

Que a paz necessita
da dor e da tristeza
para ser alcançada.

Que a delicadeza
da verdade é capaz
de inundar o mais
bravo dos corações.

Que o olhar
precisa da cegueira
para enxergar a riqueza
das cores.

Que cada lágrima
despencando dos meus olhos
representa a nudez desta fortaleza
existente nas minhas fraquezas.

E que esta alma embriagada
procura sua ressaca no presente.

Pena que meu amor
ainda não tenha encontrado
seu devido espaço neste tempo.

Mas os caminhos continuam livres
para que um dia, uma tarde ou uma noite,
esta fase possa, de novo, renascer.

Com ingenuidade.
Com generosidade.
Com cumplicidade.
Com fé.

Ao som de: “Cachorro-urubu”, Raul Seixas + “Drão”, Gilberto Gil + “A casca de banana que eu pisei”, Novos Baianos

Por onde anda, poesia?

Por uma semana,
o bloquinho ficou em branco,
a tinta da caneta secou,
meu coração se calou e
você simplesmente desapareceu!

Talvez, reflexo da retomada
destes dias robóticos e sistemáticos,
tão presentes na vida de um
escrevedor profissional.

Mas, assim como os apaixonados,
a poesia não se intimida,
nem mesmo quando há
“uma pedra no meio do caminho”.

Engraçado que neste domingo
silencioso, cinza e calorento,
você resolva novamente se manifestar.

Seja bem-vinda, companheira!
Saiba que esta casa estará sempre
aberta para a sua manifestação.

Escolha o seu tempo.

Ao som de: “Frevo”, Tom Zé + “Atrás do trio elétrico”, Caetano Veloso + “Back in Bahia”, Gilberto Gil

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

No movimento pelo conhecimento

Um novo ano chegou,
anunciam os relógios e os calendários
em contagem regressiva.

É o tempo coletivo do êxtase efêmero,
da repentina tolerância,
da bondade por tanto esquecida,
da necessidade em desespero,
da carência em falta no estoque,
da falsa alegria e
do recolhimento da hipocrisia.

Não esqueçamos a enxurrada
de pedidos aos céus
e promessas na terra.

É a tal da prometida paz no asfalto e no abstrato.
É a bendita da saúde pública e fugaz.
É o escorregadio do amor duro, enquanto molhado.
É o acúmulo do material inalcançável.
É a (errante) resistência do ambiente (ecológico) no meio.

Diante desta tempestade passageira
de ilusões e esperanças,
eu abro meu peito
e levito minha alma
em busca de um simples e singelo
desejo: de conhecer...

A dor que cicatriza.
O choro que enobrece.
O sorriso que embriaga.
O carinho que entorpece.
A palavra que emburrece.
A burrice que ensina.
A distância que aproxima.
E as diferenças que igualam.

Eu quero mesmo novos mundos
dentro do nosso mundo.

Eu quero mesmo novos tempos
dentro do nosso tempo.

Eu quero mesmo novas paixões
dentro da nossa paixão...

Eu quero mesmo nenhum
dentro de todos.

Como se vivêssemos
em um eterno déjà-vu.

Ao som de: "Atrás da porta" (Chico Buarque), Elis Regina + "Dor e dor" e "Senhor Cidadão", Tom Zé + "Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro", Wander Wildner

domingo, 6 de janeiro de 2008

Aprendizado

Aprendi.
Levou um tempo,
mas eu aprendi que existe...

Coragem no medo.
Criança no adulto.
Regra na exceção.
Reforma agrária no coração.

Meu cheiro sem perfume.
Seu olhar no meu olhar.
Qualidades nos meus defeitos.
Divergências sobre a saudade.

Beleza na tristeza.
Amor no desamor.
Inocência e delicadeza no concreto.
Emocional no racional.
Amizade na distância.

Brilho no escuro.
Silêncio no som.
Sol na chuva.
Divino na matéria.

Riqueza na pobreza.
Ausência na abundância.
Apego pelo desapego.
E uma explosão de poesia dentro de mim!

Ao som de: “Romaria”, Renato Teixeira + “Tocando em frente”, Almir Sater e Renato Teixeira

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Leitura de mim - II

Abro as cortinas da visão!
Grito através das janelas da alma!
Destranco as portas do coração!
Derrubo todos os muros do pensamento!
É o anúncio de novos tempos.

Quando empunho meu lápis
neste pequeno pedaço de papel,
eu revelo toda a segurança
que estava guardada há
tanto tempo dentro de mim.

Vou me despindo
de todo o orgulho,
das minhas vergonhas,
dos meus fantasmas,
das minhas incertezas,
num fluxo intenso e inesgotável,
como uma romaria na busca
pelo indiscutível poder
da palavra escrita.

Olho para frente e
não vejo mais recusa.
Não há mais desamor.
Não há mais dor.
Não há mais solidão.

A poesia se entranha em meu corpo
como a melhor companheira
das noites de carência.

Transcendo a experiência de viver
neste presente tão cheio
de ausência e lembranças.

A cada minuto, construo e
desconstruo a minha essência.

E vou divagando calmamente sobre
os porquês de nossa existência
marcada pelas aparências
e pelos desencontros.

Humilde, sinto o cheiro de vida
trazido pela brisa refrescante
do mar de Ipanema, da Lagoa.

Quero caminhar bem distante
da miopia do racional,
para me tornar, de vez,
cúmplice da senhora simplicidade.

Sou hoje.
Sou presente.
Transformo-me em um mundo inteiro.

O futuro e o passado
eu deixo para os livros
sussurrarem aos seus ouvidos.

Sonho acordado.
Com os pés descalços
sobre este chão quente
de janeiro.

Estou novamente nu.
De espírito.
De coração.

Sem rancores.
Sem planos.
Sem ilusões.

Pois a nossa história
nunca foi tão real
como ela se torna
a partir deste momento
que você lê estes versos.

Ao som de: “O meu guri”, Chico Buarque + “Deixa estar”, MPB-4 + “Cara valente”, Marcelo Camelo

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Sou fraco, sou forte

Eu ando na corda bamba.
Alegria e tristeza.
Medo e coragem.
Desilusão e esperança.
Fé e descrença.
Noite e dia.

Eu atravesso no sinal verde.
E aprendi, finalmente, como
desprender meu espírito deste corpo
em contagem regressiva
da decomposição.

Eu choro para sorrir e
acordo para sonhar.
Meu desafio está no tempo presente.
Sabendo que a solidão
está guardada para o futuro e
a esperança no passado.

Eu desanuvio em prosa e verso.
Deixando meu legado intelectual entrar
em sintonia, se perpetuar entre vocês.

Eu ando carregado.
Meus sinais de fraqueza são
aparentes e transparentes.
Mas são eles que me tornam,
a cada momento,
deste movimento,
mais forte.

E emocional.
E provocador.
Para o mundo.

Ao som de: “Mãe (Mãe Solteira)”, Tom Zé + "Down em mim", Barão Vermelho

A semântica da lágrima

Quanta dor carrega uma lágrima?
Pois eu vejo poesia na sua essência
e cadência no seu caminhar.

Sua produção está diretamente ligada ao sofrimento?
Pois ela é a tristeza efêmera
e a magia do equilíbrio.

Quantas pessoas choram neste exato momento?
Pois ela é a redenção da fé
e o descarrego dos sonhadores.

À primeira vista, racional, ela é apenas
um pequeno desvio de água
pela face dos desiludidos.

Porém, seu significado guarda
um tempo de coração ferido e perdido.

O sujeito que não chora
provavelmente desconhece o amor,
que se esconde silenciosamente dentro de sua alma.

Afinal, quando ele vai aflorar?

Por onde andam os seus sinais?

Seria a lágrima o grito de liberdade do coração?
Pois ando em busca de uma explicação sobre
o marejo súbito e diário dos meus olhos...

Ao som de: “Meu glorioso São Cristóvão”, Jorge Ben e Gilberto Gil + “Toninho Cerezo”, Pepeu Gomes

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Digestivo

Lembrei que ontem fui dormir embriagado de tristeza e desamor.
E acordei hoje com muita sede...
De conhecimento.
De presente.
De vida.
De paixão.

A sensibilidade da percepção gravita pelo meu corpo
como um pássaro preso em uma gaiola.
É como se a poesia pedisse licença para dizer tudo aquilo
que meu espírito está sentindo neste momento.
Pena que os meus dedos não acompanham
o frenesi da minha alma.

A estranha estrada da vida se iluminou novamente.
Qual rumo vou tomar?
As horas se desintegram no relógio da sala e
a resposta parece cada vez mais distante da realidade.

Ainda mais quando meus ouvidos reviram o baú do Raul e
curtem a fase racional e de universo em desencanto do Tim.

Sem falar nos olhos que percorrem as vidas secas e agrestes
dos personagens de Graciliano e desvendam as diferentes
personalidades literárias de Pessoa.

Eu busco esses momentos de submersão
para trabalhar o meu renascimento.
É como uma espécie de ritual de purificação.
Para ampliar os horizontes.
Para transcender deste mundo materialista.

Ao som de: “Que luz é essa?”, Raul Seixas + “Kilariô” (Di Melo), Seqüelas do Povo + "Ciranda da Bailarina", Chico Buarque e Edu Lobo + "Namorinho de portão" (Tom Zé), Penélope

domingo, 23 de dezembro de 2007

A transparência da realidade

Meu amor caminha pela chuva de verão,
enfrenta o sol do Sudeste,
ecoa pelo árido nordestino,
experimenta as lendas do Norte e
se congela no frio do Sul.

Meu amor é o terror das expectativas.
É a inconveniência embrulhada em papel de presente.
É o mau humor das segundas, o bom dia sem resposta,
o constrangimento visível na cara avermelhada.
É o esporro estridente do carro que vende pamonhas fresquinhas.
É a errante persistência do vendedor ambulante que anuncia suas maravilhosas vassouras.

É o verbo mal conjugado, julgado e interpretado.
É o balanço da contabilidade que não fecha ao final do mês.
É a repetência escolar.

Meu amor não encontra explicações na filosofia
ou interpretações na mitologia grega.
Ele é de carne e osso, alma e coração.
Não causa insônia, provoca sonhos delirantes.

Ele não se propaga no tempo.
É o desencanto da realidade.
Não busca espaço na vida alheia.
É a negação do medo.
É a exaltação da sensibilidade.

Meu amor é impermeável. Não reciclável.
Intransponível como uma mata amazônica.
Nasce da inocência, cresce através da gentileza
e se alimenta da generosidade.

É a flauta contralto
e o violão sem cordas.
É o palhaço sem graça
e o circo sem picadeiro.
É a palavra sem sentido
e o poema sem rimas.

Meu amor não comporta amizade.
Ele não se extingue por decreto e
nem se prorroga por medida provisória.

No final, meu amor é um erro imperdoável.
Pois ele é a onda que desmanchou os castelos de areia.
É a destruição do super-homem e
o aniquilamento do cavaleiro salvador,
materializado em seu imponente cavalo branco.

Mesmo assim, seja no amanhecer do dia ou ao raiar da tarde,
Monto na negritude resplandecente da minha bicicleta
e vou pedalando junto com a morte e o renascimento
da esperança, em busca de novas ilusões e utopias.

Ao som de: “Cordas de Aço”, Cartola + "Se", Tom Zé + “Dentadura postiça” e “Eu quero mesmo”, Raul Seixas + “Chamada dos Santos Africanos” e “Preta”, Cordel do Fogo Encantado

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Triste alegria

Você que me pede para eu falar de alegria.
Você que me pede para eu esquecer da tristeza.
Você que me pede para eu apagar a dor.

Você que me lê para saber do presente.
Você que me lê para recordar do passado.
Você que me lê para imaginar o futuro.

A triste alegria é encarar a realidade.
A alegria triste é saber que nada pode mudá-la.

O triste amor é gritá-lo
aos quatro ventos,
sem resposta.

O amor triste é vivenciá-lo,
contando os dias para o seu fim.

Ao som de: “Lamento Sertanejo”, Gilberto Gil e Dominguinhos e “Oração de Mãe Menininha”, Dorival Caymmi

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Amadurecimento distraído

Da amizade, nasceu o amor.
Do amor, restou apenas a história.

Eu hoje olho para o céu em busca de respostas.
E vejo apenas as estrelas caírem,
uma após a outra,
como as lágrimas que percorrem o meu rosto.

A tonalidade variante do azul
instiga as minhas pupilas.
A percepção anda confusa,
mas caminha tateando um novo rumo.

Enquanto isso, vou me distraindo e
amadurecendo junto com as minhas poesias.

Ao som de: “Escravo”, Mula Manca e “Quem vai dizer tchau?”, Nando Reis

sábado, 15 de dezembro de 2007

O (des)equilíbrio

Amanhece mais um dia.
Com ele, um novo Luis começa a sua transformação.
O amargo e o efêmero da noite anterior perdem espaço para as poesias e os (sem) anos de solidão.
Este bigode que adorna meu rosto é irrelevante diante da pobreza do material.
Busco a transfiguração do espírito, através da generosidade, da capacidade de amar.

Cai a tarde. E com ela, as esperanças.
Amanhã, mais um novo, de novo, dia.
E, com ele, a inquietação para que sejam materializados
o turbilhão de pensamentos que correm incessantemente
pela minha cabeça, razão, e pelo meu coração, emoção...

Ao som de: “Cancion Por La Unidad de Latino América” e “Caçador de Mim”, Milton Nascimento + “Inferno”, CéU e Nação Zumbi

Tenha fé no amor

Ao ler estes versos tão carregados de
sentimentos e expurgação da tristeza,
você deve imaginar que este
aprendiz de poeta vai, gradativamente,
perdendo sua capacidade de tornar
o amor em sua profissão de fé.

Na verdade, digo-lhe, meu caro leitor,
Quanto mais me afasto desta sensação,
Mais próximo eu pareço estar dela.

Olho-me no espelho e vejo um kamikaze,
um suicida que não mede as conseqüências
de seus atos ao retornar para o precipício
e se jogar de coração aberto,
sem um único instante de hesitação.

Sigo meu caminho,
recolhendo as impressões,
admirando os apaixonados,
contemplando o desequilíbrio do compasso,
buscando afinal a purificação da alma.

Estou novamente à disposição do presente,
sem carregar o fardo das mágoas do passado e
sem regozijar diante das milongas sobre o futuro.

Volto a enxugar as lágrimas, sabendo
que o sorriso e a inocência
não abandonaram, em definitivo, a minha face...

Ao som de: “Andança”, Beth Carvalho e “Deixa”, Baden Powell

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Como a lua e o mar

Eu admiro a sabedoria que
brota no coração do pescador e
vai se materializar em seu olhar.

Através da mais pura intuição,
ele sabe que o amor é a tradução
perfeita do mútuo sentimento
existente entre a lua e o mar.

Pois é em noite de lua cheia que
o mar venera a transformação de
sua companheira noturna.
Ao abrir espaço em sua imensidão,
ele revela, ao mesmo tempo, a magia
e o espírito desta troca de energia.

A visão é um colírio para os
olhos cerrados dos mais racionais:
uma projeção prateada de raios lunares
cobre uma terra de mar seco infinito,
glorificando assim a capacidade de
percepção de uma horda de sonhadores.

Desta conjução,
surgem as liras românticas,
florescem as promessas e
firmam-se os compromissos.

O presente ultrapassa os medos
e o pescador consolida suas certezas,
contando os dias para celebrar,
pelo menos mais uma vez,
este espetáculo oriundo da natureza.

Ao som de: “Dança da Solidão”, Paulinho da Viola e “Por onde andei”, Nando Reis

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

E você, tudo bem?

Vou bem, desorganizando.
Vou bem, desconstruindo.
Vou bem, desaprendendo.
Vou bem, tirando significados e sons do silêncio.
Espere, agora, sempre, pelo inesperado.

A cada rasteira proporcionada pela vida,
A queda resulta em arranhões,
fraturas, corações partidos e
momentânea perda de contato
entre corpo e espírito.

Porém, minha errante insistência acaba
me levantando, me cicatrizando, me deixando
mais forte e mais consciente dos riscos de uma
próxima queda.

Essa ilusão de transformar o mundo que nos cerca,
por menor que seja o movimento,
não vai morrer nunca. Isso se chama essência.

Assim, vou contando e colecionando as cicatrizes
para deixar os meus medos
e fantasmas pelo caminho.

Alegria e tristeza seguem de mãos dadas,
como um aviso permanente
da efemeridade do equilíbrio.

Lembre-se que a sabedoria, para florescer,
precisa ser desnudada através da
inocência dos nossos sentimentos.

Ao som de: “No Olimpo”, Nação Zumbi e “Terra, água e sal”, Mula Manca

Do somatório da vida

Hora para acordar,
Dia para nascer
E dinheiro para acumular.
Os números, realmente, ditam
o ritmo da vida moderna.

Até o amor ganhou
quilometragem,
peso e
prazo de validade.

Fruto de uma devoção franciscana,
tento me enquadrar nesta consagração
da utopia material.

O exercício não se revela como uma fuga,
Mas na busca pela transcendência do espírito.

Uma coisa é certa:
Não serei resultado da matemática dos
apáticos e desiludidos alquimistas da razão.
Vou abolir a divisão e a subtração, pensando
sempre na soma e na multiplicação dos sentimentos.
E a conseqüência nunca tomará
lugar da causa.

Viva o desaprendizado!
Viva a desconstrução!

Ao som de: “Fórmula-1”, Mula Manca e “Bem melhor”, Moptop

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Do ofício das letras

Vai palavra, siga o seu destino.
Saia da minha embaralhada cabeça,
Consulte meu pulsante coração,
Percorra com firmeza os meus braços,
E se materialize pelos meus calejados dedos.

Concebida pela caneta em papel
ou pelo digitar das teclas de um computador,
Ganhe o mundo, sabendo que deixo como legado,
um pequeno pedaço de minha alma.

Quanto mais exponho as
entranhas de meus sentimentos,
Sinto meu espírito cada vez mais purificado
pela sua simples existência.

Pois a minha poesia nunca residirá em mim.
Ela pertence ao movimento, ao tempo que
talvez a ilusão transforme em realidade.

Ao som de: “Rosa de Hiroshima”, Secos e Molhados e "As rosas não falam", Cartola

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Das perspectivas do corpo e do espírito

Aos poucos, vou perdendo o gosto
e o cheiro de mar nordestino
E vou me impregnando deste
ar urbano, contemporâneo
e poluído do Rio.

Porém, resiste dentro de mim
uma chama que me remete
À cor prateada do mar seco à noite,
Ao banho de lua recheado de amor,
Ao gosto doce e suave de passa de caju e
À cadência do samba curtido
de olhos e corpos colados.

Assim, abro uma nova página
na história de meu coração,
Sabendo lidar com as perspectivas
de uma nova vida, de um novo momento,
de um novo movimento.

De peito aberto,
esta paixão quixotesca que me move
revela novamente os desafios envolvendo
a conjunção do corpo e do espírito.

Um dia após o outro,
Quero reescrever meus sentimentos
No tempo presente.

Ao som de: “Morre o burro fica o homem”, Jorge Ben Jor

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Raízes do poeta

Por um momento, duvidei que minha poesia
estivesse presa somente a este local,
alimentada apenas por uma única raiz.

Na verdade, ela me acompanha
pelo mundo silenciosamente, calma
e de forma paciente para que aflore
nos momentos certos.

Por muito tempo,
não acreditei em
tamanha devoção,
em seu poder de transformação.

Agora que ela explode
em meu peito,
vou deixá-la seguir
o fluxo inevitável
desse destino fabuloso
que rege o mistério
de nossas vidas.

Ao som de: "São Francisco", Ney Matogrosso

De olho no horizonte

Quando você passa pela dor de um desamor
e o acaso te nutre de carinho e te presenteia
com a redescoberta das feições do amor,

Você ganha uma injeção de vida e
passa a admirar cada instante
de seu novo horizonte.

Afinal, ninguém é feliz se nunca
presenciou de perto a tristeza!

Ao som de: "Canário do Reino", Tim Maia

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Para esquecer

Lembra quando você me dissertava
sobre a sua atração pela
inteligência emocional?

Pois é, talvez minha burrice
emocional se materialize
nas minhas poesias.

Entendida a contradição de
tamanhas perspectivas,
eu te peço:

Por favor, leia-me desarmada e
não confunda mais uma
declaração de amor
com orgulho ou
uma provocação endereçada.

Ao som de: "Swing de Campo Grande", Novos Baianos

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Museu de boas lembranças

Hoje, mantemos nossas antigas conversas
através da poesia.

É como se os nossos corações vivessem
no eterno duelo da razão versus emoção.
Afinal, quem fala mais alto?

Na verdade, estamos à procura de novos caminhos.
Talvez, em busca do renascimento de uma sintonia,
que já existiu por um breve tempo.

Mas, na medida que a beleza desta
conversa vai (re)florescendo,
o vento, repentinamente, leva-e-traz.

Pois os sentimentos ficam (res)guardados,
trancados com os mais seguros cadeados da razão
e as correntes instransponíveis do medo,
sem a mínima possibilidade de se materializar.

Nesta toada, a dúvida vai se eternizando e
a nossa história se resumindo apenas ao
surgimento de mais um
museu de boas lembranças...

Ou, quem sabe,
pelo menos uma vez,
ao menos por um momento,
pela força do movimento,
nos uníssemos novamente pela fé no amor e
lutássemos pela esperança de novos dias!

Ao som: “Vapor da Paraíba”, Jongo da Serrinha e “Por Causa de Você Menina”, Jorge Ben

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Leitura de mim

Leia-me não pela (re)forma.
Leia-me longe dos (pre)conceitos.
Leia-me sempre que quiser (des)construir.

Leia-me na felicidade.
Leia-me fugindo da tristeza.
Leia-me buscando pela fé.
Leia-me clamando por paz.

Leia-me com saudade.
Leia-me quando não quiser me ver.
Leia-me na solidão.
Leia-me quando quiser um companheiro.

Leia-me caminhando pela chuva.
Leia-me curtindo o sol.
Leia-me contemplando o mar.
Leia-me tomando banho de lua.
Leia-me admirando as estrelas.

Leia-me para matar a curiosidade.
Leia-me para se excitar.
Leia-me sem carência.

Leia-me escutando a música do dia.
Leia-me apenas pelo prazer de ler.

Pois sou apenas mais um humilde
aprendiz das letras.

Pois sou a simples conjugação de um corpo e
de um espírito na busca pelo amor.

Ao som de: um misto de "Palavra Acessa", Quinteto Violado e "Quer Queira Quer Não Queira", Tim Maia

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

(DES)construção

A gente se construía quando...

Teus olhos me falavam.
Teu cheiro me embebedava.
Teu carinho me apaziguava.
Tua boca me desafiava.

Tempo. Amor. Tempo. Movimento. Tempo. Momento.

A nossa desconstrução começou quando...

Tua distância me agoniava.
Tua insegurança me revelava.
Teu medo me cortava.
Tua impaciência me distanciava da admiração.

Neste “quebra-cabeças” do amor, eu definitivamente
sou inapto para lidar com tantas peças!

Ao som de: “Vinte e nove”, Legião Urbana

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Amor querido

Quero amor. Sem ser meloso ou melado.
Quero amor. No presente e não passado.
Quero amor. Sem ter hora marcada.
Quero amor. Sem recibos, prestações ou comprovação de renda.
Quero amor. Sem (des)culpas ou culpados.
Quero amor. Sem barreiras ou obstáculos.
Quero amor. Com dor e com tristeza.
Quero amor. Querido e sem ser obrigado!

Ao som de: "Pensar em você", Chico César

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Em busca da cadência...

Nota zero para harmonia.
Meu espírito anda, realmente, em descompasso.

Preciso (re)aprender a desejar o desequilíbrio
e a materializar a esperança.
Afinal, a tristeza é um ritmo repetitivo e enfadonho.

Mas, então, qual será o segredo desta
misteriosa cadência
que move as nossas almas?

Ao som de: "O Surdo", de Alcione

domingo, 28 de outubro de 2007

Pequena grande criança

LUIS, LUIS, LUIS!
Esta é a primeira chamada para uma série de
viagens pelo mundo maravilhoso das crianças.

LUIS, LUIS, LUIS!
Veja quantos peixinhos que eu pesquei.
Veio até aquele azul grandão.

LUIS, LUIS, LUIS!
Desenha um cachorro, um dinossauro
e esse super-herói comigo?
Tem que ter preto, laranja, cinza
e azul.

LUIS, LUIS, LUIS!
Depois dos desenhos, a nossa próxima
brincadeira será de batata-quente.
Eu vou ganhar mais uma vez de você,
quer ver?

LUIS, LUIS, LUIS!
E não esquece que depois vamos assistir ao filme,
comendo pipoca e tomando suco de laranja.

LUIS, Luis, luis, lui, lu, l...

Pausa de cinco minutos para descansar. Pausa de um mês.
Pausa de um ano.

De certo, a minha existência na sua existência será apenas
uma vaga e distante lembrança de sua infância.

Mas tenha certeza que sua existência na minha existência
marca o sabor e a intensidade de uma experiência
que faltava em minha vida: o inocente sorriso daqueles
que ainda sonham. E que uma derrota muitas vezes
significa uma grande vitória.

Pequena grande criança, obrigado por existir!

Ao som de: Os Saltimbancos

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Vai embora, por favor


Jurei que hoje seria o meu último pranto.
Que a vida seguiria normalmente o seu rumo.
E meu despedaçado coração se recomporia
com o tempo, as amizades e a distância.

Porém, o amor não é uma escrita frágil
como o efêmero giz que adorna um quadro negro.

Ensina-me a apagar tantos movimentos, momentos,
dias ensolarados e noites de promessas e cheiro de incenso.

Por isso, eu clamo aos céus: vem chuva e lava todo
esse sentimento que insiste em não ir embora...

Ao som de: "Sufoco", Alcione

Contando o tempo


De passagem,
você me trouxe a poesia.
De passagem,
você foi a minha segunda redescoberta do amor.
De passagem,
meu verão virou, repentinamente, inverno.
De passagem,
a alegria de criança se tornou o amargo da vida adulta.

Agora, resta-me contar o tempo
e descobrir os caminhos para alcançar
uma nova estrela,
que seja a mais alta lá do céu!

Ao som de: "Último romance", Los Hermanos

Meu céu


Eu hoje olho para o céu
e não vejo o medo de menino
que me consumia.
Eu hoje olho para o céu
e sonho com a esperança
de novos dias.
Eu hoje olho para o céu
e transformo as minhas dúvidas
em poesia.

Ao som de: "Não deixe o samba morrer", Alcione

O despertar


Sim, o amor estava ali, bem perto de mim
e eu demorei para compreendê-lo.
Agora que ele se materializa no meu peito,
sei que estou disposto a encará-lo.
Cedo ou tarde, novas canções vão
preencher meus ouvidos.
Certo é que estarei disposto
a aprender a viver com as
novas melodias de minha vida.

Ao som de: "Pedrinha", Cordel do Fogo Encantado

Eu quero um novo amanhã


Amor e amizade não precisam
de contrapartida.
Beijos estalados ultrapassam qualquer
cálculo matemático.
As gargalhadas infantis alimentam
nossas almas.
A inocência de um verso caipira
inunda o mais bravo dos corações.
Esse novo amanhã pode ser de noite mesmo,
basta apenas ser sincero.

Ao som de: "Besta é tu", Novos Baianos

Respeito às leis do trânsito do amor


O sinal já estava vermelho há tempos.
E eu, na minha errante insistência, continuava a caminhar
entre o frenético e mutável tráfego do amor.

Até chegar o inevitável momento no qual você é atropelado
pelas circunstâncias e aprende, de vez, a lição.

Por isso, muito respeito às leis do trânsito do amor:
No verde, a paixão segue um fluxo inexplicável e em todas as direções;
no amarelo, a prudência já é o sinal de congestionamento em uma das vias;
e, no vermelho, chegou a hora de abandonar a rotineira condução
e confiar novamente nos inevitáveis instintos dos seus pés
como o verdadeiro prumo de seu caminho.

Ao som de: "Desalento", Chico Buarque

De mãos dadas (ou uma pretensa homenagem a Drummond)


Vem, me dê as suas mãos,
vamos transformar as nossas desilusões em poesia.

Vem, me dê as suas mãos,
vamos subverter as lógicas da matemática e as certezas da razão.

Vem, me dê as suas mãos,
assim contemplaremos um novo tempo que nos espera
e o que ainda restou de bom neste mundo.

Vem, me dê as suas mãos,
e juntos não deixemos o movimento parar,
sabendo que os sentimentos sempre se renovam.

Vem, me dê as suas mãos,
pois ainda existe esperança nesta caixa que não é de Pandora,
mas que pertence ao nosso universo.

Ao som de: "Conversa de Botas Batidas", Los Hermanos

Pausa de trabalho


Inundado de pensamentos
Vazio de paz
Vácuo de existência
Trânsito de amor
Explosão de ansiedade
Um verso, dois versos...
E, assim, fez-se mais uma poesia!

Ao som de: "Fim de romance", Teresa Cristina

Meu barquinho de papel


Isso que me torna mais de carne e osso,
humano e sujeito a todo o tipo de sortilégios
que o amor e o coração podem nos pregar!

Eu prefiro remar, morrer e me decepcionar
diante de um mar revolto,
do que navegar por águas calmas que,
num futuro distante, tornam você
uma caricatura em preto e branco
do que você poderia ter se tornado.

Ao som de: "Timoneiro", Paulinho da Viola

Todo carnaval tem seu fim?

O meu, não!
Afinal, quando se esvaem
os confetes,
as serpentinas e
a cadência do samba,
só que perdura é o AMOR,
o NOSSO AMOR...

Ao som de: "Todo carnaval tem seu fim", Los Hermanos

Matemática do amor


A distância e o tempo só fazem aumentar o meu amor que,
por hora, sofreu um pequeno contratempo.
Estou tão longe, mas me sinto tão perto,
pois o meu pensamento é transformado em mantra do dia,
através de suas doces palavras.

E que sejam esquecidos os dedos que insistem
em apontar alguma culpa ou algum culpado!
Na matemática de minha alma,
quando faço a soma do elemento SAUDADE,
com a variável AMOR,
o resultado é sempre igual:
VOCÊ!

Ao som de: "Foi um rio que passou em minha vida", Paulinho da Viola

Persistência


Luto pelas desilusões.
Combato minhas fraquezas.
Alimento meu amor por você,
Pois quero a brisa e o carinho
à beira de uma eterna cachoeira.

Ao som de: "Minha teimosia, uma arma pra te conquistar", Jorge Ben

Um breve momento


Saudades, sinto demais.
Carência, um retrato de minha existência.
Por que sinto tanta solidão,
mesmo cercado de pessoas?

Ao som de: "Só (Solidão)", Tom Zé

Amor incondicional


Ciúmes sem medidas.
Choro que não cessa a dor.
Carência diante de todo o carinho.
Saudades sem justificativa e solidão pelo que vai acontecer.
Amor não tem condições.
Amor não impõe obstáculos.
Amor não se perde, mesmo diante de toda a rotina.
Amor se renova a cada beijo, a cada abraço,
a cada olhar que percorre o seu rosto.
Experimente um dia de amor incondicional
e as palavras que lhe digo agora
certamente farão algum sentido...

Ao som de: "Toada velha cansada", Cordel do Fogo Encantado

Um oceano

Se você tivesse idéia do que é feito o meu oceano,
talvez as dúvidas fossem embora.
Peixes saltitantes, ondas ornamentadas, areia fofa são
apenas alguns detalhes que o circundam.
Na verdade, o segredo está na composição da água.
Prove uma gota para você entender
como o amor alimenta o meu oceano.

Ao som de: "Lamento de Éxu", Baden Powell & Vinicius de Moraes.
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