Abro as cortinas da visão!
Grito através das janelas da alma!
Destranco as portas do coração!
Derrubo todos os muros do pensamento!
É o anúncio de novos tempos.
Quando empunho meu lápis
neste pequeno pedaço de papel,
eu revelo toda a segurança
que estava guardada há
tanto tempo dentro de mim.
Vou me despindo
de todo o orgulho,
das minhas vergonhas,
dos meus fantasmas,
das minhas incertezas,
num fluxo intenso e inesgotável,
como uma romaria na busca
pelo indiscutível poder
da palavra escrita.
Olho para frente e
não vejo mais recusa.
Não há mais desamor.
Não há mais dor.
Não há mais solidão.
A poesia se entranha em meu corpo
como a melhor companheira
das noites de carência.
Transcendo a experiência de viver
neste presente tão cheio
de ausência e lembranças.
A cada minuto, construo e
desconstruo a minha essência.
E vou divagando calmamente sobre
os porquês de nossa existência
marcada pelas aparências
e pelos desencontros.
Humilde, sinto o cheiro de vida
trazido pela brisa refrescante
do mar de Ipanema, da Lagoa.
Quero caminhar bem distante
da miopia do racional,
para me tornar, de vez,
cúmplice da senhora simplicidade.
Sou hoje.
Sou presente.
Transformo-me em um mundo inteiro.
O futuro e o passado
eu deixo para os livros
sussurrarem aos seus ouvidos.
Sonho acordado.
Com os pés descalços
sobre este chão quente
de janeiro.
Estou novamente nu.
De espírito.
De coração.
Sem rancores.
Sem planos.
Sem ilusões.
Pois a nossa história
nunca foi tão real
como ela se torna
a partir deste momento
que você lê estes versos.
Ao som de: “O meu guri”, Chico Buarque + “Deixa estar”, MPB-4 + “Cara valente”, Marcelo Camelo
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