quarta-feira, 30 de abril de 2008

Testamento

Descobri que na ausência
existe uma essência.
De uma presença que
insiste em faltar.

Sou solitude,
desta porteira
de sentimentos
que tento controlar.
E não revelar.

Sou amor
nos dias sem fim.

O riso transparente,
desta alegria permeada
também pela tristeza.

A generosidade que não
desiste de compartilhar.

O aprendiz que não se
cansa em experimentar.

Ao som de: “Não me arrependo”, Caetano Veloso + “Dois barcos”, Los Hermanos

terça-feira, 22 de abril de 2008

Confessionário

O sentido da transformação
já me consumiu por completo.

O que fui ontem,
não representa o que sou hoje
e nem o que serei amanhã.

Descubro-me feito por traços e abraços.
A imperfeição perfeita no composto das linhas tortuosas.
Não há retrato que consiga traduzir o que sinto.
Talvez o movimento. Nesse leve e traz. De momentos.

Enfrento o tempo das privações,
com a mesma coragem presente na bonança
dos períodos de farturas amorosas.

Torno-me o significado das lições.
O aprendizado da renovação espiritual.
Que surge no olhar.
E insiste em enxergar esperança em dias de guerra.
De um mundo em descompasso.

Ao som de: “Velhos, Flores, Criancinhas e Cachorros”, Jorge Ben + “Prece Cósmica”, Secos e Molhados + “Paz Interior”, Tim Maia

domingo, 13 de abril de 2008

Por um instante

Tenho muito a contar. E pouco a negar.
Sou protagonista de uma história.
Não sinto arrependimento pelos caminhos trilhados.

Afinal, os sentimentos se rebelaram.
E anunciam a reforma agrária do coração.

Não represento a firma.
Carrego apenas meus ideais.

Guardo no peito meus míseros momentos.
O acúmulo é proporcional ao tamanho de um amor.

Meu investimento é compartilhar.
Ações. Gestos. Movimentos.

Sou a negação da verdade.
A contradição do medo.
O sorriso que esconde a tristeza.
A lágrima que lava a alma.

O carinho nem sempre correspondido.
O olhar que revela o instante.
O ouvido que alcança a harmonia.
O desejo espiritual.

A cegueira das paixões.
A escuridão no brilho.
A revelação inoportuna.
O incômodo das lembranças.
E a decepção dos amores.

O excesso necessário.
O resguardo infantil.
A explicação com sentido.
A bondade sem culpa.
O parâmetro inconveniente.

A intenção com intuito de materializar-se.
A ansiedade focada na realização.
A intensidade do samba-enredo.
A abnegação como sinônimo de evolução.
O melhor dos inimigos.
E o pior dos amigos.

Sou a humildade castigada pelo tempo.
A ingenuidade que não se importa em ser lubridiada.
A palavra que insiste em escrever.
A não-poesia.

A voz que não quer se calar.
O infinito que quer se perpetuar.

Simples. Por um instante. Apenas.

Ao som de: “You Know I'm No Good”, Amy Winehouse

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Horóscopo

Minha redenção está na praia,
pois o mar é o meu céu.

Levito entre as ondas,
curtindo uma imensa
sensação de liberdade.

O Deus Sol reflete a paz
escondida dos cariocas.
A areia é a mãe acolhedora
desse meu encontro com a natureza.

A tarde cai e os ventos revelam
as minhas origens.
Quero vestir novamente
o meu corpo,
para anunciar os ideais
de um novo tempo.

Ao som de: “Ana e o mar”, O Teatro Mágico + "Babylon by gus", Black Alien

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Um (com)passo

Sempre escolhi os caminhos mais tortuosos.
Talvez instigado por essa minha adrenalina sentimental,
que enxerga um misto de alegria e dor nos mínimos detalhes.

Flerto com as palavras.
Renego as rimas metrificadas.
Quero ser maestro de uma orquestra imaginária.

Revoluciono o compasso do meu coração.
Luto contra a esperança.
Esbarro com a felicidade na embriaguez do efêmero.
Estou a um passo da verdade.

Quero apenas curtir os segundos restantes
de um sorriso que ressurge no meu caminho.
Não temer os piores pesadelos, para
sonhar livre e viver um novo momento.

Ao som de: “O anjo mais velho”, O Teatro Mágico + "O Cristo e Oxalá", O Rappa

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Bem entendido

Vou de reza forte e sal grosso
espantando os maus olhados.

Quero me cercar de energias positivas
para prosseguir no rumo da vida.

As agressões são sempre gratuitas.
Mesmo assim, insisto em oferecer
a minha outra face, em uma bandeja
com ornamentos em ouro.

Nunca fui de cozinhar raiva
ou ferver ódio nas panelas
do orgulho.

Prefiro subverter a lógica. O usual.
A dialética se torna meus punhos.
Para externar a minha verdadeira força.

Combato toda incompreensão,
através de minha fé.
Com pitadas de gentileza.
Pelo singelo ato de generosidade.

Pois faço do amor o tempero
ideal para sobreviver neste
moderno, cínico e urbano presente.

Ao som de: “De onde vem a calma”, Los Hermanos + “Acabou chorare”, Novos Baianos

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Triste alegria - II

Eu sei.
É complicado encontrar alegria
neste discurso recheado de tristeza.

Porém, mais difícil é ter coragem
para expor suas fraquezas.
Fazer disso a sua fortaleza.

Acreditar no amor.
Fugir do juízo inconsciente.
Aprender a perdoar. Fisica e espiritualmente.
Compartilhar, sem pedir nada em troca.
Inundar-se de fé.

Manter-se firme aos ideais,
mesmo que isso represente
poucas amizades. Poucos amores.
Muitas dores. E uma coleção de desamores.

Despir-se do material, quando
tudo e todos valorizam,
a cada dia, menos, o ser.

Entenda, esse é o caminho que eu escolhi.
Aceitei prontamente esta missão.
Sem titubear.

Quero percorrer o mundo,
dando o meu testemunho.
Em forma de poesia.
Sempre.
Neste nosso tempo.

Ao som de: “Geni e o Zepelim”, Chico Buarque + “Cálice”, Chico Buarque + "A pedra mais alta", O Teatro Mágico
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