sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Do ofício das letras

Vai palavra, siga o seu destino.
Saia da minha embaralhada cabeça,
Consulte meu pulsante coração,
Percorra com firmeza os meus braços,
E se materialize pelos meus calejados dedos.

Concebida pela caneta em papel
ou pelo digitar das teclas de um computador,
Ganhe o mundo, sabendo que deixo como legado,
um pequeno pedaço de minha alma.

Quanto mais exponho as
entranhas de meus sentimentos,
Sinto meu espírito cada vez mais purificado
pela sua simples existência.

Pois a minha poesia nunca residirá em mim.
Ela pertence ao movimento, ao tempo que
talvez a ilusão transforme em realidade.

Ao som de: “Rosa de Hiroshima”, Secos e Molhados e "As rosas não falam", Cartola

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Das perspectivas do corpo e do espírito

Aos poucos, vou perdendo o gosto
e o cheiro de mar nordestino
E vou me impregnando deste
ar urbano, contemporâneo
e poluído do Rio.

Porém, resiste dentro de mim
uma chama que me remete
À cor prateada do mar seco à noite,
Ao banho de lua recheado de amor,
Ao gosto doce e suave de passa de caju e
À cadência do samba curtido
de olhos e corpos colados.

Assim, abro uma nova página
na história de meu coração,
Sabendo lidar com as perspectivas
de uma nova vida, de um novo momento,
de um novo movimento.

De peito aberto,
esta paixão quixotesca que me move
revela novamente os desafios envolvendo
a conjunção do corpo e do espírito.

Um dia após o outro,
Quero reescrever meus sentimentos
No tempo presente.

Ao som de: “Morre o burro fica o homem”, Jorge Ben Jor

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Raízes do poeta

Por um momento, duvidei que minha poesia
estivesse presa somente a este local,
alimentada apenas por uma única raiz.

Na verdade, ela me acompanha
pelo mundo silenciosamente, calma
e de forma paciente para que aflore
nos momentos certos.

Por muito tempo,
não acreditei em
tamanha devoção,
em seu poder de transformação.

Agora que ela explode
em meu peito,
vou deixá-la seguir
o fluxo inevitável
desse destino fabuloso
que rege o mistério
de nossas vidas.

Ao som de: "São Francisco", Ney Matogrosso

De olho no horizonte

Quando você passa pela dor de um desamor
e o acaso te nutre de carinho e te presenteia
com a redescoberta das feições do amor,

Você ganha uma injeção de vida e
passa a admirar cada instante
de seu novo horizonte.

Afinal, ninguém é feliz se nunca
presenciou de perto a tristeza!

Ao som de: "Canário do Reino", Tim Maia

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Para esquecer

Lembra quando você me dissertava
sobre a sua atração pela
inteligência emocional?

Pois é, talvez minha burrice
emocional se materialize
nas minhas poesias.

Entendida a contradição de
tamanhas perspectivas,
eu te peço:

Por favor, leia-me desarmada e
não confunda mais uma
declaração de amor
com orgulho ou
uma provocação endereçada.

Ao som de: "Swing de Campo Grande", Novos Baianos

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Museu de boas lembranças

Hoje, mantemos nossas antigas conversas
através da poesia.

É como se os nossos corações vivessem
no eterno duelo da razão versus emoção.
Afinal, quem fala mais alto?

Na verdade, estamos à procura de novos caminhos.
Talvez, em busca do renascimento de uma sintonia,
que já existiu por um breve tempo.

Mas, na medida que a beleza desta
conversa vai (re)florescendo,
o vento, repentinamente, leva-e-traz.

Pois os sentimentos ficam (res)guardados,
trancados com os mais seguros cadeados da razão
e as correntes instransponíveis do medo,
sem a mínima possibilidade de se materializar.

Nesta toada, a dúvida vai se eternizando e
a nossa história se resumindo apenas ao
surgimento de mais um
museu de boas lembranças...

Ou, quem sabe,
pelo menos uma vez,
ao menos por um momento,
pela força do movimento,
nos uníssemos novamente pela fé no amor e
lutássemos pela esperança de novos dias!

Ao som: “Vapor da Paraíba”, Jongo da Serrinha e “Por Causa de Você Menina”, Jorge Ben

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Leitura de mim

Leia-me não pela (re)forma.
Leia-me longe dos (pre)conceitos.
Leia-me sempre que quiser (des)construir.

Leia-me na felicidade.
Leia-me fugindo da tristeza.
Leia-me buscando pela fé.
Leia-me clamando por paz.

Leia-me com saudade.
Leia-me quando não quiser me ver.
Leia-me na solidão.
Leia-me quando quiser um companheiro.

Leia-me caminhando pela chuva.
Leia-me curtindo o sol.
Leia-me contemplando o mar.
Leia-me tomando banho de lua.
Leia-me admirando as estrelas.

Leia-me para matar a curiosidade.
Leia-me para se excitar.
Leia-me sem carência.

Leia-me escutando a música do dia.
Leia-me apenas pelo prazer de ler.

Pois sou apenas mais um humilde
aprendiz das letras.

Pois sou a simples conjugação de um corpo e
de um espírito na busca pelo amor.

Ao som de: um misto de "Palavra Acessa", Quinteto Violado e "Quer Queira Quer Não Queira", Tim Maia

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

(DES)construção

A gente se construía quando...

Teus olhos me falavam.
Teu cheiro me embebedava.
Teu carinho me apaziguava.
Tua boca me desafiava.

Tempo. Amor. Tempo. Movimento. Tempo. Momento.

A nossa desconstrução começou quando...

Tua distância me agoniava.
Tua insegurança me revelava.
Teu medo me cortava.
Tua impaciência me distanciava da admiração.

Neste “quebra-cabeças” do amor, eu definitivamente
sou inapto para lidar com tantas peças!

Ao som de: “Vinte e nove”, Legião Urbana

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Amor querido

Quero amor. Sem ser meloso ou melado.
Quero amor. No presente e não passado.
Quero amor. Sem ter hora marcada.
Quero amor. Sem recibos, prestações ou comprovação de renda.
Quero amor. Sem (des)culpas ou culpados.
Quero amor. Sem barreiras ou obstáculos.
Quero amor. Com dor e com tristeza.
Quero amor. Querido e sem ser obrigado!

Ao som de: "Pensar em você", Chico César

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Em busca da cadência...

Nota zero para harmonia.
Meu espírito anda, realmente, em descompasso.

Preciso (re)aprender a desejar o desequilíbrio
e a materializar a esperança.
Afinal, a tristeza é um ritmo repetitivo e enfadonho.

Mas, então, qual será o segredo desta
misteriosa cadência
que move as nossas almas?

Ao som de: "O Surdo", de Alcione
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