segunda-feira, 31 de março de 2008

Simples. mente

Meu amor nunca esteve ao alcance das medidas.
Nem foi visível aos olhares permeados de ceticismo.

Ele transpira sem o calor de verão.
Ele aquece nos invernos mais rigorosos.

Ele se perpetua na acústica do silêncio.
Ele se transfigura pela dor
que entorpece a minha existência.

Eu quero a luz.
A energia de um novo tempo.
Ser, infinito.
Sem, ao menos, ter.

Presente.
Sem restrições.
Contra-indicações.
Ou codinomes.

Renascer pelo efêmero.
Não pelos ciclos. Círculos. Circos.

Simples. mente. Eu e você.

Ao som de: “Água Viva”, Raul Seixas + “Realejo”, O Teatro Mágico

quarta-feira, 26 de março de 2008

Do renascimento

Ganhei asas para voar em busca
de um novo tempo.

Onde eu possa repousar esses meus
sentimentos que não querem calar.

Descobrir um novo olhar que transforme
este espírito em desarmonia.

Materializar a esperança através do
mais simples e singelo gesto do amor.

Pronunciar as palavras que adormecem
neste coração petrificado.

Respirar os ares da renovação que se anuncia,
mas insiste em retardar os seus passos.

Vencer o medo da negação
e insistir nos caminhos.

Pois minha alegria renasce neste período
de tristeza, melancolia e incompreensão.

Meu peito aflora ao sentir as vibrações
sonoras de uma velha nova melodia.

O raciocínio, porém, insiste em não acompanhar os meus dedos.
Componho sem ritmo, sem rima e sem devoção.
Vou preenchendo os papéis instintivamente.
Mesmo sendo um tanto quanto racional.

Minha alma se transfigura.
Sigo em romaria com a fé em novos horizontes.
Descanso em paz.
Adormeço livre para celebrar mais um dia.
E um novo movimento.
E uma nova poesia que há de surgir.

Ao som de: “Lambada de serpente”, Djavan + “Pé da roseira”, Gilberto Gil

domingo, 23 de março de 2008

Quando a admiração se esvai...

Não me importa a previsão do tempo,
quando faltam as palavras.

É preciso dizer tudo aquilo que
você nunca quis escutar.

Minha língua quer finalmente
se anunciar. Pronunciar-se.

Seus olhos já não
me revelam nada.

Seu charme não desmonta
mais o meu corpo.

Seu canto de sereia não
enfeitiça mais a minha alma.

Meus ouvidos se cansaram
das velhas desculpas,
dos recorrentes medos.

Sou presente para construção do futuro
e história para o nosso passado.

Há espaço a ser preenchido.
Compartilhado.

E um coração a ser amado.
Diariamente...

Ao som de: “Quando você chegar”, Novos Baianos + “Cadê tem suín-?”, Los Hermanos

segunda-feira, 17 de março de 2008

Voltar a sorrir

Vou carregando um coração despedaçado.
Muitas vezes, com os olhos marejados.
Sob o efeito de um corpo embriagado.
E um espírito em busca de evolução.

Mesmo assim, não perco esta capacidade de sorrir.
Enfrento as dores da vida moderna,
as injustiças dos olhares,
e os juízos dos filósofos.

Sigo caminhando como um guerreiro São Jorge,
guiado pelos dizeres do Profeta Gentileza,
e munido pelo desprendimento material dos franciscanos.

Pois um amor não sobrevive
apenas pelo desejo dos corpos.
Ele se perpetua no
entrelaçamento das almas.

Ao som de: “Pois é”, Los Hermanos + “Retrato em branco e preto”, Elis Regina e Tom Jobim

sexta-feira, 7 de março de 2008

Música no rádio, amor no coração

Foi tão fácil dizer te amo.
Viver um sonho acordado.
Sorrir, mesmo sem graça.
Caminhar, sem encontrar,
ao menos, um chão.
Praticar o desapego
pelas tentações materiais.

Difícil é renunciar aos espelhos.
Aos reflexos internos que
vislumbram os mínimos detalhes.
Visíveis até para esta cegueira
urbana e contemporânea.

É preciso retomar os caminhos.
Ser generoso consigo.
Pois a fé iluminará o último momento,
quando a noite e o dia se tornam
um único e singelo tempo.

Ao som de: “Luzia Luluza”, Gilberto Gil

quarta-feira, 5 de março de 2008

Conselhos e sussurros

Tenta dormir um pouco.

Escuta o que o silêncio tem para dizer.
E acalma esse coração.
Pode ser que o tempo cure as tristezas.
Talvez os dias cicatrizem as feridas.

Fecha os olhos.

Lembra daquelas tardes quando nada ao seu redor importava?
Das horas admirando os mínimos traços daquele rosto.
O gosto peculiar daquela boca.
Ou os delírios causados pela quentura delicada das mãos.

Abra a mente, a percepção da alma.

Afaste-se dessa suposta melancolia.
Não se faça de vítima das desilusões.

Rasgue esse passado de boas lembranças.
Revele, de vez, essa coragem que vem da essência.
E prepare-se para o que há de vir.

Mesmo que seja
para o futuro
lhe reservar
novas alegrias,
novos sorrisos,
novas dores,
novos (des)amores,
e uma nova solidão.

Ao som de: “Ele falava nisso todo dia” + “Coragem pra suportar”, Gilberto Gil
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